ATA DA QUARTA SESSÃO ESPECIAL DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14.11.1997.

 


Aos quatorze dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e trinta e quatro minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear a Rádio da Universidade, nos termos do Requerimento nº 267/97 (Processo nº 3237/97), de autoria da Mesa Diretora, a partir de proposta do Vereador Lauro Hagemann. Compuseram a Mesa: o Vereador Clovis Ilgenfritz, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Garcez, representando o Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Ilgo Winck, Diretor da Rádio da Universidade; o Senhor Nilton Paim, Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; o Major Edyr de Castro Saldanha, representando o Comando-Geral da Brigada Militar; o Vereador Lauro Hagemann, na ocasião, Secretário "ad hoc". Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças do Senhor Luiz Fernando Souza, Pró-Reitor de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS; da Jornalista Regina Carvalho Reis, representando a Secretária da Educação do Estado; do Coronel Fernando Goetze, filho do Professor Antônio Alberto Goetze, fundador da Rádio da Universidade; do Professor Sérgio Nicolaievsky, Diretor da Faculdade de Economia da UFRGS; do Senhor Luiz Armando Gaudin, representando a Faculdade de Educação da UFRGS; do Senhor Hélio Nascimento, Diretor de Programação da Rádio da Universidade; do Senhor Ricardo Schneiders da Silva, Diretor da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS; da Senhora Marisa Soibelman; da Senhora Márcia Andrejew; da Senhora Sara Sílvia Neves. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Ainda, registrou a assinatura, hoje, de contrato deste Legislativo com o Canal 16, para criação da TV Câmara Municipal de Porto Alegre, que transmitirá ao vivo as Sessões e principais acontecimentos da Casa. Após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Lauro Hagemann, em nome das Bancadas do PPS, PTB, PDT, PPB, PMDB e PSB, discorreu sobre a história da criação da Rádio da Universidade, lembrando, em especial, a figura do Professor Alberto Goetze e analisando o caráter cultural e educativo e o papel representado perante a sociedade pela Instituição homenageada. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, manifestou-se acerca dos quarenta anos de atuação da Rádio da Universidade, declarando ter ela servido de veículo de difusão da cultura e do conhecimento no Estado do Rio Grande do Sul, sendo de grande importância para o crescimento da qualidade de  vida  em  Porto Alegre. O Vereador Gilberto Batista, em nome da Bancada do PFL, afirmou ser devido o reconhecimento desta Casa à Rádio homenageada, parabenizando-se com a direção e funcionários dessa Entidade, pelos quarenta anos de uma história construída junto ao cotidiano da comunidade gaúcha. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou telefonema recebido da Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Senhora Wrana Maria Panizzi, que lamentou sua impossibilidade de comparecer à presente Sessão, por se encontrar na Cidade de Aracaju, no Estado de Sergipe. Após, concedeu a palavra ao Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Senhor Nilton Paim, que, em nome da direção e dos funcionários da Rádio da Universidade, agradeceu a homenagem prestada por este Legislativo. <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>A seguir, o Senhor Presidente registrou correspondência recebida relativa à presente solenidade, de autoria do Senhor Antônio Britto, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, do Deputado Arno Frantz e do Senhor João Carlos Vasconcellos, Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo. Também, procedeu à leitura de poema em homenagem aos quarenta anos da Rádio da Universidade, de autoria da Senhora Sílvia Neves. Após, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezessete horas e quarenta e sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária na próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Clovis Ilgenfritz e secretariado pelo Vereador Lauro Hagemann, este como Secretário "ad hoc". Do que eu, Lauro Hagemann, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

    

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Damos por abertos os trabalhos da 4ª Sessão Especial que é destinada a homenagear a Rádio da Universidade, a requerimento nº 267/97, da Mesa Diretora a partir da proposta do Ver. Lauro Hagemann,  que muito se interessou pelo assunto.

Queremos convidar para participar da Mesa: o Jornalista José Garcez, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Vice-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Sr. Nilton Paim;  Diretor da Rádio Universidade, Sr. Ilgo Winck;  Representando o Comando Geral da Brigada Militar, Major Edyr de Castro Saldanha.

Queremos comunicar a todos que a Rádio da Universidade está transmitindo este programa ao vivo, o que é um motivo de satisfação para a Câmara, uma Sessão sendo transmitida com esta dimensão.

Aproveito para dar, ao vivo, aos senhores e senhoras,  a notícia de que há cinco minutos assinei o contrato para que a Câmara Municipal de Porto Alegre seja pioneira, na Região Sul,  em transmissão, ao vivo, de todas as suas sessões e principais acontecimentos da Casa, a partir da próxima segunda-feira. Estou dando a notícia para quem trabalha no ramo. Tivemos muito trabalho, durante meses,  com editais de concorrência, anula,  faz outro, e assim por diante.

E hoje, neste momento, foi assinado o contrato para uma fase experimental de três meses,  e depois teremos uma  licitação para um trabalho  permanente.   É o Canal 16,  na NET. Não é uma coisa  tão popular como a gente gostaria, mas assim como existe a TV Senado vai existir  a  TV Câmara Municipal de Porto Alegre.  Queremos convidar os presentes para iniciar a Sessão com o Hino Nacional.

(Procede-se à execução do Hino Nacional.)

 

Na nossa Sessão, está previsto o pronunciamento de alguns oradores que farão, em nome da Casa e das bancadas, em homenagens à nossa Rádio da Universidade. Estamos comemorando uma data importante, são 40 anos de serviço da Rádio da Universidade,  o que muito nos orgulha.

O primeiro orador é  Ver. Lauro Hagemann,  que fala como proponente e também em nome das  Bancadas do PPS, PTB, PDT, PPB, PMDB e PSB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado  Ver. Clovis Ilgenfritz, Presidente da Casa;  prezado companheiro  Jornalista José Garcez, representante  do Prefeito Municipal;  prezado Professor  Nilton Paim, Vice-Reitor  da Universidade  Federal do Rio Grande do Sul; companheiro Jornalista  Ilgo Winck, conterrâneo e Diretor  da Rádio da Universidade; prezado  Major Edyr  de Castro Saldanha, representando o  Comando Geral da Brigada Militar; prezados professores da Universidade; companheiros e ex-companheiros da Rádio, Vereadores. 

Eu falo , como já disse o Presidente, em nome de diversas bancadas,  e isso me atribui uma responsabilidade maior. Eu deveria ter feito um discurso escrito, mas a minha vida profissional me fez derivar para o lado oral da comunicação, por isso sinto cada vez maior dificuldade em sentar a um computador, a uma simples máquina de escrever para redigir algum texto. Foi o que aconteceu. Eu pretendo não maçá-los com um discurso muito longo, embora a circunstância dos 40 anos da Rádio da Universidade mereçam tudo isso e muito mais, porque num simples visitaço poder-se-á aquilitar a importância que tem esse instrumento de comunicação para a sociedade rio-grandense e porto-alegrense.

Eu dividi o meu discurso em três, pelo menos, duas ou três partes. A primeira delas é para falar sobre uma figura excepcional de um professor e de um idealista, sobretudo: Professor Antônio Alberto Goetze. O Professor Goetze, ainda no tempo do reitorado do Professor  Armando Câmara, aí já vão 50 anos ou mais, era o titular da cadeira de Linhas de Transmissão e Centrais Energéticas do Instituto de Eletrotécnica da Faculdade da Escola de Engenharia da Universidade. Para quem conhece e se lembra da geografia da Cidade, esse Instituto ainda está lá, vivo, de pé, na esquina da Sarmento Leite com a Osvaldo Aranha, pouco antes do antigo necrotério - Instituto Médico Legal. O Dr. Goetze, juntamente com outro Engenheiro, ainda vivo, Dr. Paulo Pedro Petri e,  depois,   ajudado  pelo Engenheiro Walter Riz, teve a idéia de introduzir novos elementos que começavam a aparecer no seio da sociedade rio-grandense na Cadeira que lecionava, ou seja, a radiodifusão.

O Dr. Goetze,  curioso, idealista, procurou um instrumental para dedicar aos seus alunos um encaminhamento no novo rumo de um processo de transmissão do conhecimento que era uma novidade. Não era tão novo assim, porque em 1922 Roquete-Pinto  já havia concebido a radiodifusão como um elemento, uma alavanca  para elevar o nível cultural, educacional da sociedade brasileira através do rádio. Foi ele o fundador da radiofonia brasileira.  Roquete-Pinto é um nome bastante conhecido. O Dr. Goetze,  vinte, trinta anos depois,  teve também esse lampejo. Era professor da Universidade e imaginou que a Universidade devesse apresentar-se  para o público, que a mantinha,  traduzindo o que se resolvia internamente naquela Instituição. Fazer um elo de ligação da Universidade com a sociedade, coisa mais natural e justa.  No entanto,  naquele tempo, essa idéia ainda era muito incipiente.

O Dr. Goetze,  juntamente com o Dr. Paulo Petri e Edi Pederneiras, outro Engenheiro que trabalhava nesse setor do Instituto, conseguiram um velho transmissor que foram buscar em Olinda, Pernambuco. Uns dizem que era da Polícia de Pernambuco, outros que era da Marinha. O Dr. Rizzo ontem me dizia que era do Serviço de Meteorologia da própria  Marinha, porque Recife, naquele ponto estratégico do território nacional, logo após  a guerra deve ter recebido muita sucata e esse transmissor deve ter sido uma das sucatas, que ficou lá. O fato é que ele trouxe o transmissor.

Transmitiram. Houve denúncias. A rádio foi tirada do ar, porque  era praticamente uma rádio pirata. Não havia autorização de nenhum órgão governamental para funcionar uma rádio emissora na Universidade, mas o Dr. Goetze, insistentemente,  conseguiu. Conseguiram, depois, uma licença precária para transmitir em 79m, a chamada onda tropical, que dependia de quem tivesse um aparelho receptor para apanhar, não era todo o mundo. Era uma rádio clandestina, quase.

Essa história durou cerca de 10 anos, para desembocar no que estamos comemorando no dia 18: quarenta anos. É a história da ZYK 280,  Rádio da Universidade. A pioneira das emissoras universitárias do Brasil. Esse título é um galardão, que a nossa emissora ostenta com orgulho, porque foi aqui que começou. Hoje, temos várias emissoras universitárias: aqui no Estado mesmo, a de Pelotas e a de Santa Maria. Mas nenhuma  delas com as características  da rádio da nossa Universidade.

E o Dr. Goetze, realizador desse processo todo foi agraciado, em 1963, por ocasião do I Congresso Brasileiro dos Trabalhadores em Radiodifusão, que se realizou na nossa Reitoria, com o título de Pioneiro da Radiodifusão Brasileira. É o único que detém este título, e não poderia ser de outra forma.

Então, Porto Alegre, a Universidade, ainda não retribuiu, não resgatou - para usar uma  palavra da moda - todo o empenho do Dr. Antônio Alberto Goetze para seguir naquilo que hoje podemos desfrutar.

Ele era um homem de ciência. Não há contrafação, contradição nisso. Porque ele, como homem de ciência, teve a nítida percepção do que significava esse instrumento para a sociedade e do que significaria para a Universidade ter esse elo de ligação com a sociedade.

Tive a pachorra de, junto com os colegas Vergara Marques, Herculano Coelho e Renato Rocha, sentar,  esta semana, e lembrarmos os nomes dos vinte e nove, trinta ou trinta e um fundadores da Rádio da Universidade. Eu vou pedir licença para ler os nomes, alguns já desaparecidos,  para ficarem registrados nos Anais desta Casa que algum dia poderá servir de subsídio para algum historiador, algum abelhudo historiador,  se dar  conta de quem foram os que começaram essa história.

Pela ordem: Antônio Alberto Goetze, Walter Ries, Caio Damasceno Ferreira, Herculano  Carvalho Coelho, Isanide José Casagrande, Jandir Talasca, Antônio Rodrigues, Rosa Maria Young, Adolfo dos Santos Teixeira, Willard Germano De Carli, Gilberto Nogueira David, Anibal Damasceno Ferreira, José Carlos Cavalheiro Lima, Emílio Breyer, Carlos Scarinci,  Luiz Carlos Vergara Marques, Aldo Magalhães, Leni Silveira Neto, Renato Luiz Rocha, Carlos Alberto Carvalho, Lauro Hagemann, Iara Almeida Bendatti, Marcos Antônio Rizzo, Vera Agustoni, Aglaé Loureiro Lima, Cleto Farias, Max Arno Poetter, José de Deus Escobar, Fausto Nectous Pereira, Jaime Fontes  e o barqueiro Alencarino, de  quem não recordamos o sobrenome.

Estes foram os que no dia 18 de novembro de 1957 estavam lá, na Rádio da Universidade.

Contar a trajetória da Rádio, nestes quarenta anos, é uma tarefa agradável, mas ingente, porque ela produziu episódios muito interessantes, e nesse espaço de  tempo, ela teve vivência notáveis. A Rádio da Universidade, por exemplo, foi a primeira a ter, no Rio Grande do Sul, um aparelho transmissor de freqüência modulada que fazia a ligação entre o estúdio da Sarmento Leite e a Ilha do Chico Inglês.

A Rádio da Universidade teve convênios com países estrangeiros, por exemplo, Alemanha, Itália, França, BBC de Londres.

A Rádio da Universidade tem um arquivo de vozes  que nenhuma outra emissora tem. Desde  Borges de Medeiros, passando por Flores da Cunha e essas figuras que vieram na era do rádio, na era da gravação, as vozes  de todos eles estão registradas lá na Rádio da Universidade. Tem uma das maiores discotecas de música erudita do País, constantemente acrescida por doações, por compras, mais por doações do que por compra. Teve um laboratório de jornalismo, porque ela tinha que ter uma ligação evidente entre o curso de Comunicação e o instrumento de comunicação da Universidade. Ela teve colaboradores famosos: Roberto Szidon, pianista internacional, tocou várias vezes em programas inteiros para a Rádio; Maria Abreu; Armando Albuquerque, que foi funcionário da Rádio, um dos maiores nomes da música erudita rio-grandense. Teve também ouvintes famosos. Érico Veríssimo era um deles. Um dia, contava o Renato, que telefonando para lá uma noite foi atendido ao telefone por uma voz estranha e ele perguntou de quem era e a voz disse: “Aqui é o Érico Veríssimo”. Era o Érico que estava lá na Rádio assistindo à programação e atendeu ao telefone. E muitas outras personalidades que também são ouvintes, e foram ouvintes, da Rádio da Universidade.

Agora, entro em uma outra parte do meu discurso: o caráter da Rádio da Universidade. Alguns, deste grupo que nominei, eram radialistas conhecidos, musicólogos, gente que fazia rádio, que entendia desse processo de comunicação, e quando discutíamos o que seria a Rádio da Universidade enveredamos por um caminho diferente daquele que nós conhecíamos e que praticávamos fora dali. As emissoras comerciais há anos já atuavam no cenário rio-grandense, porto-alegrense, mas queríamos alguma coisa diferente e concebemos uma emissora de caráter cultural, educativo, que se dedicasse a transmitir programas que não fossem os programas usuais das emissoras ditas comerciais, e usamos como parâmetro o rádio europeu, principalmente a BBC, a Rádio Difusão Francesa, a RAI, que tinham saído da guerra  dez anos antes, mas que já estavam caminhando numa certa direção, mas, sobretudo a BBC, que tinha uma tradição muito antiga. Claro que nós não podíamos, e não devíamos, simplesmente copiar, porque o ambiente cultural do Brasil era muito diferente do ambiente cultural europeu. Mas nós queríamos uma compartimentação de programação parecida com aquela para o nosso público ouvinte, o consumidor de programas de rádio, que estava habituado com programas diferentes - e naquele tempo o rádio porto-alegrense se pautava no rádio portenho, que, por sua vez, era um decalque do rádio europeu. Depois disso é que nós copiamos os modelos paulista e carioca, que se decalcavam no rádio americano.

A Rádio da Universidade foi se constituindo em cima dessa noção de programação. Há um trabalho excepcional feito pela Pró-Extensão da Reitoria, que começou em 1979, e esse relatório é de 1981,  não foram atualizadas as pesquisas, mas alguma coisa ainda sobra como elemento de discussão, de colocação na mesa,  sobre o caráter da Rádio  da Universidade.  Dizem que muita gente não ouve a rádio porque ela é elitista, dizem.  Não é bem assim. É que as outras emissoras não dão para o ouvinte aquilo que ele gostaria talvez de ouvir em termos mais elevados. A transmissão massiva não é uma característica da Rádio da Universidade. Ela foi se transformando, aos poucos, e hoje compõe um espectro mais amplo da radiofonia gaúcha. Mas isso são assuntos a ser pesquisados. A própria Universidade está devendo isso para a sociedade. E aqui existem aspectos muito interessantes; alguns até mereceriam uma referência. Eu não vou ir muito longe, mas eu elenquei algumas coisas que nós podemos, e devemos, repensar. O próprio conceito de extensão universitária, que é o que, em última instância, é a Rádio. Uma extensão da Universidade.  Extensão da cátedra para a sociedade.

Agora essa interação é que nós não soubemos fazer direito. Eu digo nós, porque eu continuo na Rádio da Universidade, apesar de aposentado, assim como muitos outros. Foi uma concepção de rádio que nós imaginamos criar para a nossa sociedade, diferente daquele rádio de consumo que era dado pelas emissoras comerciais.

E é essa diferença que mantém de pé a Rádio da Universidade do Rio Grande do Sul. E outra diferença: hoje já são três emissoras universitárias no Rio Grande do Sul, uma em Santa Maria e outra em Pelotas, só que essas duas usam o esquema comercial de subsistência.

Devo relatar  uma disputa muito grande que nós,  funcionários da rádio que imaginávamos aquele tipo de  programação, travamos  com o Reitor Eliseu Paglioli,  que queria introduzir propaganda comercial na Rádio da Universidade para mantê-la. E nós fomos visceralmente contrários. Prevaleceu a nossa idéia e até hoje a Rádio se mantém incólume. Segundo esse relatório, não são muitas as emissoras universitárias do mundo que mantêm essa característica.

A própria Reitoria, a Pró-Reitoria de Extensão e os departamentos especializados da Universidade estão, hoje, entrando num novo mundo, na era da informática, a um outro  elemento da  comunicação muito mais complicado do que a transmissão radiofônica, porque age diretamente sobre o indivíduo, não é massivo. E o poder que vai ter esse tipo de comunicação no futuro! Não é por nada que estamos assistindo, hoje, à luta pela hegemonia dos meios de comunicação, porque eles é que vão passar a informação ao cidadão. E que tipo de informação vai ser passada? Aquela que vai manter a predominância da classe que dirige os destinos do Brasil e do mundo?

A sociedade está num processo de revolução, parâmetros que ontem eram aceitos, hoje estão sendo contestados e substituídos. O próprio conceito de escola, hoje, tem que ser mudado. Nós estamos transmitindo para nossos pósteros uma cultura através da escola, que é essa da classe dominante, que produziu esse resultado danoso que estamos assistindo.

As nossas crianças quando não querem ir à escola, entendam os pais hoje o porquê, é porque elas não estão mais satisfeitas com aquele tipo de ensino que está sendo ministrado lá, elas querem outra coisa, não é a fotografia 3X4, preto e branco, é algo mais.

E a Rádio da Universidade tem essa tarefa de pesquisar, de perquirir, de se adaptar às novas condições, ao novo tempo, de transmitir aquilo que a sociedade precisa ouvir porque, num país de analfabetos como o nosso, e não há nenhum demérito nisso -  é uma constatação, não é uma crítica -, o conhecimento impresso é muito mais difícil de chegar ao cidadão do que o conhecimento oral.

A rádio ainda é, embora a televisão também o seja, o grande elemento de conexão entre os cidadãos, e isso nós não podemos esquecer.

Neste momento difícil por que atravessa a sociedade brasileira, dentro do que se chama globalização, queda de bolsa, pacotes, restrição de subvenções, cortes orçamentários, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi uma das atingidas. E dentro desse pacote, a Rádio da Universidade também vai entrar com o seu quinhão. Isso nos lamentamos e deploramos porque o investimento na educação, na  cultura, na elevação do cidadão, é absolutamente necessário. O País pode prescindir de outros gastos em outras áreas, mas a esta área devem ser destinados o máximo de recursos para que não pereça. Porque nós não estamos, simplesmente, diante da ameaça de diminuição do ingresso, estamos diante de uma ameaça maior: o desaparecimento do ingresso. E não é de hoje que a universidade pública vem travando uma luta formidável para se manter em pé. As universidades particulares estão aí, todas em franco progresso, muitas com muito dinheiro público. Isto é o doloroso da história.  E a universidade pública com as restrições que se conhece. Isso depende de uma visão de Estado, uma visão estrábica do que pretende ser Estado. 

Há alguns que ainda pretendem que o Estado seja enxugado, seja diminuído o tamanho do Estado, num mundo complexo que cada dia se amplia mais, e que cada vez mais necessita do fator regulamentador do Estado, não executor. Ninguém quer que o Estado seja o dono de tal ou qual agência, de tal ou qual empresa, mas que ele tenha o poder de regular quem vai explorar isso e em que direção. Mas, na questão do ensino não existe isso. O conhecimento é um bem que o homem acumulou através do tempo e que não é objeto de compra e venda, não deve ser objeto de compra e venda.

Por isso saúdo a manifestação da Reitora Wrana, quando disse que a Universidade, com o Pacote, vai ser uma das instituições mais atingidas e que ela lamenta. Hoje, casualmente, não está conosco, porque está participando de uma reunião de reitores em Aracajú, tratando desse tema, que é o de tentar mostrar as autoridades financeiras  e monetárias da República, de que os cortes nas universidades públicas é uma manobra perigosa e vai produzir resultados nefastos.

Gostaria de terminar dizendo que todos nós, a sociedade brasileira, tem a ver com a manutenção da instituição universidade. Nós devemos combater pela manutenção dessa instituição como uma força viva,  porque nesse processo de desmonte do Estado e da sociedade, que nós estamos assistindo,  um dia  vamos ter que reconstruir  este País e,  para essa reconstrução, vamos precisar  de alguns aparelhos essenciais.  Parece que um dos instrumentos para essa reconstrução é  exatamente a universidade, que reúne em si o conhecimento universal, daí o seu nome, e dentro desse aparelho universal, dentro dessa  Universidade, como aparelho reconstrutor  de uma sociedade do futuro,  a nossa emissora que é o elo de ligação entre  essa entidade e a sociedade. Que esta sociedade saiba que vai dispor de um elemento ativo de conexão, isso é que nós precisamos manter acesso.

Esperemos que não fiquemos nos 40 anos da Rádio Universidade, isso é que me amedronta, que possamos ir para  50, 100 anos, e não sei quanto anos mais, até que ela tenha cumprido o seu papel perante a sociedade. Muito obrigado pela presença  de todos, acho que cumprimos um dever ao mantermos viva a chama da Universidade e dos 40 anos da nossa Emissora. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  O Ver. Lauro Hagemann usou um método muito interessante para fazer  uma publicação que pode ser histórica, ele falou de improviso  uma coisa que conhece tão bem e que pode se transformar num material de grande valia para todos nós,  porque  está  recheado de história e homenagens. 

Gostaria de cumprimentar e considerar como extensão da Mesa  o Sr. Luiz Fernando Souza, Pró-Reitor de Extensão da UFGRS; a Jornalista  Regina Carvalho Reis, representante da Secretária da Educação do  Estado; o Coronel Fernando Goetze, filho do engenheiro Antônio Alberto Goetze, fundador da Rádio, que foi homenageado pelo Ver. Lauro Hagemann, assim como todas as pessoas que foram citadas; Professor Sérgio Nicolaievsky, Diretor da Faculdade de Economia da Universidade Federal; Sr. Luiz Armando Gaudin, representante da Faculdade de Educação da UFRGS; Sr. Hélio Nascimento, Diretor de Programação da Rádio Universidade; Sr. Ricardo Schneiders da Silva, Diretor da FABICO da UFRGS; Sra. Marisa Soibelman; Sra. Márcia Andrejew,  e demais professores, amigos, funcionários da Rádio que nos dão o prazer de sua presença.

O Ver. Adeli Sell está com a palavra, em nome da bancada do PT.

 

O SR. ADELI SELL: (Saúda componentes da Mesa e demais presentes.) Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu queria, antes de mais nada, parabenizar meu colega Lauro Hagemann porque apesar de falar em nome de uma bancada de 12 Vereadores, em especial do meu Líder Gerson Almeida e do meu Presidente Clovis Ilgenfritz, o Lauro, permita-me chamá-lo assim, representou, eu creio,  os 33 Vereadores desta Casa  homenageando a Rádio da Universidade nesses seus 40 anos de história. É determinante reconhecê-lo, porque nesses quarenta anos a Rádio da Universidade espalhou  cultura e conhecimento pela nossa Cidade e até onde suas ondas atingem. Sabemos que não é uma  Rádio  com tanta potência que atinja rincões deste Estado e deste País, mas, por onde as suas ondas se espalham, tenho certeza de que  sempre teve um ouvido atento a ouvi-lá bem.

     Há pouco eu dava uma entrevista  a uma emissora de televisão sobre um projeto que aprovamos nesta semana instituindo a Feira do Disco em Porto Alegre. Perguntaram se eu era músico. Não sou do ramo e inclusive sou muito eclético nessa área. Gosto de vários estilos de música, da erudita ao "rock and roll" e como sou interiorano, dos confins de Santa Catarina, acredito que aprendi a gostar da música clássica quando ouvi a Rádio da Universidade, pelas primeiras vezes, ao chegar em Porto Alegre. O meu aprendizado, nessa área, se deu fundamentalmente pela Rádio da Universidade, pelas vezes  que ouvi a Rádio falar da OSPA e, depois, ia à Reitoria, aos sábados à tarde, ouvir a  nossa Orquestra Sinfônica.

A Universidade, portanto, abrigando esta cultura, desenvolvendo e fomentando esta emissora de rádio, deu a mim, e acredito que está dando a muitos porto-alegrenses e gaúchos, as condições de aprender e ter um aspecto da cultura que muitas rádios e outros organismos não nos dão, até por causa da sua independência, que o Ver. Lauro tão bem demonstrou, da isenção das pessoas que passaram por esta Rádio,  alguns estão aqui presentes e que sempre souberam  respeitar a variedade cultural do nosso povo e nunca se submeteram  à moda e aos ditames de um momento. Sempre souberam ser universais como cabe ser  uma rádio cultural da nossa Universidade e que bom podermos estar morando em Porto Alegre, esta Cidade que é pioneira em muitas coisas: pioneira por a nossa Universidade ter a rádio universitária; pioneira em tantos outros ramos do conhecimento, e, hoje, festejada no Brasil inteiro como uma cidade de qualidade de vida. Um pouco dessa qualidade de vida, esse quinhão que temos ao nosso alcance nos é dado pela Rádio da Universidade.

Quero deixar, portanto, a minha saudação, o meu louvor e a minha gratidão à Rádio da Universidade. Tenho certeza, meus caros professores, representantes da Rádio Universidade, de que os senhores e as senhoras terão na Câmara de Porto Alegre, em nós, sempre, aliados, para que a Rádio da Universidade tenha vida longa, tenha sempre essa força e determinação que mostrou nesses 40 anos. Por muitos e muitos anos, creio que, juntos, trilharemos esse caminho da coragem, da determinação, da independência. Vamos ser sempre não apenas pioneiros, mas vamos ser vanguardas. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estava prevista a participação da Vera. Anamaria Negroni, que falaria pelo PSDB, mas por motivo de força maior não pôde comparecer.

 

O jovem Ver. Gilberto Batista está com a palavra. Falará em nome da Bancada do PFL.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. integrantes da Mesa, Professores, Professoras, funcionários da Rádio que hoje estão aqui, nesta Casa. Depois de dois brilhantes pronunciamentos, dos Vereadores Lauro Hagemann e Adeli Sell, falar o quê? Eu, como o Presidente terminou de dizer, sou um jovem Vereador desta Capital com trinta e quatro anos de idade, e isso me impossibilita de falar nos tempos que o Ver. Lauro Hagemann tão bem descreveu e o Ver. Adeli Sell - um pouco mais velho do que eu - que conhecem a Rádio da Universidade e, também, as outras pessoas que se encontram presentes, professores, radialistas, ex-radialistas e que conhecem a fundo essa Instituição.

O Ver. Adeli Sell disse que falava  em nome de uma bancada de doze Vereadores; eu falo por uma bancada de dois. Mas venho à tribuna para dizer do meu reconhecimento  ao trabalho dessa brilhante Rádio, e como o Ver. Lauro Hagemann bem mencionou, ela é a extensão do aluno na universidade. Isso que é o ponto primordial, o objetivo da Rádio.

Eu, pelo caminho que a  vida me trouxe até aqui, não pude freqüentar uma universidade, mas quero ainda fazê-lo. Mas como tenho amigos dentro da universidade e que escutam a Rádio, vale lembrar a grande importância que ela tem, hoje, para Porto Alegre e para aquelas zonas que o Ver. Adeli Sell registrou. Então sou muito jovem para vir aqui traçar história dessa Rádio. Mas gostaria de parabenizar, através do Diretor e todos os funcionários dessa Rádio  que, no dia dezoito, completará quarenta anos de história, e faço isso em nome da Bancada do PFL.

Portanto, gostaria de dizer que daqui a dez anos, aqui desta tribuna ou de qualquer outra tribuna, se Deus quiser, parabenizarei a Rádio pelos seus cinqüenta anos, pelos sessenta e assim sucessivamente. Mais uma vez parabéns a todos. Realmente não sou conhecedor profundo, como o nosso Vereador Lauro,  da Rádio,  mas prometo uma coisa a todos: a partir de hoje  vou escutá-la e quero,  realmente,  poder viver a rádio e, daqui a dez anos, em qualquer tribuna onde eu estiver, poder falar aquilo que gostaria de falar hoje. Parabéns a todos e muito obrigado.

    

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos considerar como extensão da Mesa a Sra. Sara Sílvia Neves, escritora, poetisa e declamadora, ouvinte atenta da Rádio, que  busca na Rádio a inspiração para os seus poemas.

Antes de passar a palavra ao nosso ilustre Vice-Reitor, vamos ler um bilhete que chegou agora,  por telefone,  através do Gabinete do Ver. Lauro Hagemann, dirigido a todos presentes. A Reitora Wrana ligou neste momento de Aracaju e lamenta não ter podido falar no momento combinado. Quer que expresse o mais profundo agradecimento dela e da Universidade, representada aqui pelo Vice-Reitor, pela lembrança dos 40 anos da Rádio da Universidade: "A importância deste veículo e sobretudo neste momento sério e crítico das universidades públicas brasileiras".

Lá, no encontro em Aracaju/Sergipe, a Reitora e os demais debatem o futuro das nossas universidades públicas.

Com a palavra o Prof. Nilton Paim, Vice-Reitor da UFRGS,  para falar em nome dos homenageados.

 

O SR. NILTON PAIM: (Saúda os componentes da Mesa e demais convidados.) Eu faço uma saudação especial àqueles que participaram da Rádio da Universidade desde o seu início: Prof. Vergara Marques, Renato Luiz Rocha e Sr. Herculano Coelho. Como já foi mencionado, a Reitora Wrana Panizzi, com o seu entusiasmo, certamente gostaria de estar presente neste momento em que a nossa Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul é homenageada nesta Sessão Especial da Câmara Municipal de Porto Alegre. Ela encontra-se numa reunião da Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais em Ensino Superior, ANDIFES, em Aracaju, discutindo, não só os problemas relacionados ao recente pacote econômico, mas a todas as questões que envolvem as instituições públicas federais, que passam por uma crise bastante séria já há algum tempo.

Farei um breve histórico, complementando e procurando seguir os passos do Ver. Lauro Hagemann em relação à nossa Rádio, e, posteriormente, uns comentários sobre a atual situação das instituições públicas. A Rádio da Universidade iniciou oficialmente suas atividades em 18 de novembro de 1957, em um pequeno prédio localizado na Av. Osvaldo Aranha. A iniciativa era pioneira, sendo a primeira emissora das universidades brasileiras a operar uma estação de rádio-difusão.

No entanto, a história da Rádio da Universidade já havia iniciado há quase dez anos. Em 1948, na gestão do Reitor Armando Câmara, o Professor e Engenheiro Antônio Alberto Goetze,  que está aqui representado pelo seu filho Sr. Fernando Goetze, idealizou a criação de uma rádio com a intenção de demonstrar, na prática, a construção de transmissores. Portanto, mesmo essa Rádio,  idealizada desta forma,  já tinha um propósito acadêmico.

Em 1950 foi autorizada a instalação de uma estação rádio-telefônica com a finalidade de transmitir informações do observatório astronômico e de procedimentos didáticos da Universidade.

Não eram permitidos programas musicais ou atividades afins, que tanto caracteriza a Universidade nos dias de hoje.

Em 1951 a Rádio entrava no ar, operando com um transmissor doado pelo Governo do Estado. Eram contratados os primeiros locutores - hoje temos a presença de alguns -  e a rádio operava na freqüência de ondas curtas.

O Professor e compositor Armando Albuquerque, desconsiderando, até certo ponto, a proibição de que não poderia  transmitir músicas, orientou a programação musical da emissora. E pelo seu trabalho foi adquirido um piano de meia cauda, Stanway,  que até hoje é utilizado nos estúdios da emissora.

A partir de 1952 a Rádio da Universidade contou com o apoio e o entusiasmo do Reitor Eliseu Paglioli,  que representa uma fase da Universidade na qual ela teve sua maior expansão, tanto na área acadêmica como na parte física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Em 31 de dezembro de 1953, às 22 horas, a Rádio da Universidade foi retirada do ar, por determinação ministerial. O motivo alegado foi irregularidade da emissora, que estava transmitindo músicas, o que não lhe era permitido. Após grande mobilização, a partir do ano de 1954, com o apoio da imprensa  local e do Rio de Janeiro, em 10 de novembro de 1957, o Reitor Eliseu Paglioli afirmava, no Rio de Janeiro,  que graças ao apoio do Presidente Getúlio Vargas  a Rádio obtinha,  finalmente, a concessão para iniciar oficialmente as suas transmissões, o que ocorreu em 18 de novembro de 1957.

Da inauguração da Rádio até os dias de hoje, muitas inovações e muitas conquistas foram obtidas. Desde 1960, transferiu-se para o prédio de nº 426, da Rua Sarmento Leite, onde funcionava, desde a década de 20, o antigo Instituto de Meteorologia Sirá Araújo. Esse prédio, construído em 1921, está tombado como patrimônio histórico.

A década de 90 é etapa decisiva na modernização técnica da Rádio da Universidade, pela aquisição de equipamentos, pela informatização e pelo projeto de automação da emissora que permite que ela opere 24 horas por dia. Ela está adotando os procedimentos modernos, estando ligada à Internet, mas mantendo a filosofia que a originou: uma programação cultural, com músicas de todas as épocas da história. É um verdadeiro espaço democrático, da difusão do conhecimento, da cultura aberto a toda  a comunidade.

A história da Rádio da Universidade, por estar ligada a uma instituição pública, está muito relacionada com a própria história da comunidade, que é uma história de realizações, de um trabalho desenvolvido junto à comunidade, de grandes dificuldades e de alguns momentos de incerteza em relação ao futuro das instituições públicas. Somente uma universidade, uma instituição pública do porte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, consegue manter espaços culturais, e um deles é a Rádio da Universidade, sem a necessária veiculação de propagandas e sem ter compromissos que não sejam de natureza acadêmica e voltados para a sociedade.

Temos absoluta convicção de que as universidades do mundo inteiro são as instituições mais permanentes de toda a sociedade. Por isso temos a certeza de que, embora existam dificuldades por que estamos passando, hoje, orçamentárias, financeiras - convém frisarmos que isso não ocorre por improbidade, por falta de condição e capacidade administrativa, mas, sim, porque temos sofrido cortes no orçamento - assim mesmo, temos expandido as atividades da Universidade.

Gostaria de relacionar o que a Universidade desenvolve hoje: 53 cursos de graduação; 95 cursos de pós-graduação, a Universidade está tendendo, cada vez mais, para a pesquisa e a pós-graduação, porque elas formam pesquisadores e professores para o conjunto das universidades do sul do País, para várias regiões, e para os países vizinhos. Desses 95 cursos de pós-graduação, 7 foram aprovados neste ano, estão iniciando a partir de 1998;  são 57 cursos de mestrado e 38 de doutorado.

Com regularidade, a Universidade  oferece 66 cursos de especialização. Tem no seu corpo docente 812 doutores, 756 mestres, 264 grupos de pesquisa reconhecidos no País, 663 linhas de pesquisa, 1758 projetos de pesquisa, 770 laboratórios, 580 salas de aula, 94 departamentos, mais de 300 mil m² de área construída, muitos prédios tombados, que  devemos manter,  e temos tido um orçamento reduzido e estagnado nos últimos anos.

Gostaria, antes de encerrar, de agradecer esta homenagem especial da Câmara Municipal de Porto Alegre e reafirmar o princípio que norteia  a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e que está gravado no seu estatuto:  "A  Universidade Federal do Rio Grande do Sul como universidade pública  é expressão da  sociedade democrática  e pluricultural, inspirada nos ideais de liberdade, de respeito pela diferença e  de solidariedade, constituindo-se em  instância necessária de consciência crítica  na qual a coletividade possa repensar suas formas de vida e suas  organizações sociais, econômicas e políticas".

Sr. Presidente e  Srs. Vereadores, em nome da Universidade  Federal do Rio Grande do Sul, os nossos agradecimentos por esta homenagem à Rádio da  Universidade. Esperamos poder comemorar daqui a 10, 20 ou 30 anos,  os novos aniversários da Rádio e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:  Registramos um telegrama recebido   do Deputado  Arno Frantz, desculpando-se por não estar presente, homenageando  a Rádio da Universidade. (Lê.) "Face  à função formativa e informativa prestada com esmero ao longo do tempo". Temos um Ofício  do Presidente da EPATUR, João Carlos Vasconcelos,  também dirigido nesse sentido,  e um telegrama assinado pelo Governador Antonio Britto. (Lê.) "Impossibilitado de comparecer, devido a compromisso anteriormente agendado, à Sessão Especial destinada a homenagear a Rádio da Universidade,  agradeço convite. Saudações Antonio Britto - Governador do Estado do Rio Grande do Sul". Isso depois será enviado junto com o processo lá para a Rádio.

Recebemos uma poesia da Sra. Silvia Neves que lerei.

"Quarenta anos.

Rádio da Universidade,

Quem te fundou?

Pois és alento e caridade

do que aqui triste chegou!

Com o teu sonorizar,

eu amanheço cantando,

pois vens me acordar

com tua música tocando!

Meu coração se alegrando,

mil poesias vou gravando

no papel, que, me esperando,

está sempre contigo

sintonizando!

Muito obrigado

aos que dirigem

tão belo instrumento

que ameniza o emaranhado

dos dias e dos momentos!

Com carinho a todos eu beijo, pois a todos eu vejo!

           

Sílvia Neves – Universalista.”

 

É uma honra muito grande presidir esta Sessão de homenagem aos 40 anos da Rádio da nossa Universidade - sou formado também na UFRGS, inclusive minha esposa, que é Pró-Reitora de Graduação, desculpa-se por não ter vindo. Eu fui influenciado, assim como o Ver. Adeli, pela Rádio da Universidade. Na nossa turma da Arquitetura tínhamos dois ou três colegas aficionados pela música erudita, assim como havia alguns que tinham ideologias  firmadas, em especial de "esquerda", socialista,   que faziam questão de discutir temas políticos para passar  mensagem ideológica,  e havia  também os colegas que passavam o pito nos outros: "Vocês não ouvem a Rádio da Universidade, vocês não entendem de música."   Era verdade. A discussão da nossa turma levou muitos dos nossos colegas  a se interessarem pela música e trabalharem melhor essa questão cultural fundamental,  que nós, no Brasil, de certa forma, ficamos de costas por muito tempo.

Tive o privilégio de estudar em boas  escolas públicas e privadas, mas essa questão a UFRGS complementa, nessa extensão universitária, que é a Rádio da Universidade.

O Ver. Batista pode ligar no AM 1080 para ouvir a Rádio da Universidade.

De maneira informal, estamos  concluindo os trabalhos da presente Sessão, agradecendo, mais uma vez, a todos, e dando um abraço carinhoso em especial aos funcionários e ao diretor da Rádio da Universidade, pois sei que trabalham com muito amor e carinho. Muito obrigado.

Está encerrada a Sessão.  

 

(Encerra-se a Sessão às 17h47min.)

 

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